a maneira mais profunda de se penetrar em um ser é ainda escutando a sua voz, entender/compreender som/a palavra, exatamente, como é dita/feita, a nota
é preciso escutar com os olhos
a cada pessoa, para cada um existe uma certa maneira de se exprimir/dizer, de estabelecer a ligação entre a fala/ o som de quem diz e a pessoa a quem/com quem ela fala – não é fácil chegar no outro (a tal ponte larga/estreita/a balançar ou firme)
deve-se fazer um esforço para ouvir, fazer silêncio dentro de si próprio para ouvir
jamais colocar no outro coisas suas, ou então, inconscientemente, nutrir o outro com substância sua, como se o nutrisse de sua própria carne, o que não é a mesma coisa do que nutrir de sua própria e pequena personalidade,
ou desses tiques que nos tornam nós mesmos…, e, então, não o escuto, não posso socorrer, estamos, ainda ali a nos escutar…
o tal eterno monólogo interior que se faz diálogo porque existe o outro, o que narra/diz/fala, mas eu não escuto, eu escuto apenas o som de minha própria voz, na voz dele.
e não escutar quando alguém quer dizer dimensiona o tamanho da solidão! Ufa! Não sei se consegui vou voltar…, amanhã. Elizabeth M.B. Mattos – janeiro de 2022 – Torres
