“O que nos recomendam sempre, e o que é extraordinariamente difícil de adquirir, é o que os sábios hindus chamavam de atenção, uma atenção que elimina os três quartos, os nove décimos do que julgamos pensar, ao passo que na realidade não pensamos; reunimos pedaços de ideias que já estão aí. É preciso eliminar tudo isso e fixar seu pensamento em nada, o que é muito higiênico. Ou então, ao contrário, fixamo-nos em um ponto que não abandonamos, que não deixamos sequer um minuto. É extremamente difícil realizar isso: há todo o tipo de astúcias, diferentes maneiras de chegar a esse estado, que aliás fiz com que fosse descrito ao próprio Adriano ao aprender a viver – mas Adriano, greco-romano intelectualizado, intelectualiza ainda mais esses métodos. Julgo-os, de uma maneira ou de outra, inteiramente essenciais. Só que não se deve confundir a meditação com o sonho. Trata-se de uma atividade diurna. À noite, dormimos; ou temos, sofremos sonhos.” (p.147) Marguerite Yourcenar De olhos Abertos Entrevistas com Mathhheieu Galey
Toda a ilustração desnecessária. Toda a conversa desperdiçada. As vozes repetidas de milhões de vezes o mesmo assunto, a mesma volta, o mesmo encantamento italiano, o mesmo olhar pendurado na janela, o mesmo sanduiche, o mesmo espinafre, a mesma hora, o mesmo riso, e o mundo inteiro acomodado na mesma cadeira como se congelasse o tempo. O sossego a sorrir. E posso descer do táxi, atravessar rua, antes compro pães diferentes, manteiga, fiambres, frutas, usas, pêssegos, maçãs, estico os perfumados lençóis, vou molhar as plantas. Depois u irei morar em Porto Alegre. Certamente, irei… ZM espero que a rodoviária cria a possibilidade, vamos rir um pouco. Será que mão podemos afazer uma coisa apenas errada? Tu sabes, somos o acerto: Elizabeth M.B. Mattos – Torres – 2022