Conversar não faz sentido, não posso. Podemos sim, mas o que dizer quando o susto congela o verão, e o tempo se escandaliza?! Arranco energia para segurar tua mão. Arranco energia da terra exaurida. Sabes o gosto que tem aquela liberdade, a nossa terra. Vamos recomeçar, aos poucos. Unir, sem largos sorrisos, mas solidários. Pois é, não sei o que dizer. Não posso te cuidar. Nem descrever o sentimento, nem a leitura, nem o tempo, nem o jeito de amar, nem a comida. Tenho voltado a limpar a casa, esfregar. Tirar tudo do lugar: vou amontoando de um lado, esvaziando do outro. Trocar os lugares, remexer os braços e as pernas para largar esta coisa de doer, soltar o grito. Doer de doer. Não escrever tranca a alma, aprisiona o gosto. Eu te gosto. Mas não basta de abraçar. Estou assustada. Durma de dia e sou sonambulando durante a noite. Vigiando a noite. Hoje vou colher as rosas, estancar o verão. Ah! Mas tenho medo do inverno. Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2022 – Torres e não posso acreditar que estás indo, e…, parece temporal. Eu sei, tu voltas. E eu irei. Queria parar de envelhecer para te esperar, meu querido.
