O castelo de Helsingor

A felicidade transborda, a de dentro, por dentro. Eu esperava o último volume, depois, deixei de querer, de pensar, esperar, e fui me acomodando em outras leituras, enfeitiçada por outros encontros, outros amores, outros desejos, outras entregas. Choramingando, mas aceitado. E súbito estou outra vez na Noruega, entregue, querendo ir, e, quem sabe, nunca mais voltar. Quem acompanhou o meu encontro com com Karl Ove sabe. Eu entrei nos navios, eu zarpei pelos mares gelados. Chegou o sexto volume / Minha Luta encerra com o livro O FIM (este volume de 1047 páginas). Tensa, assustada, envolvida com a guerra real acontecendo… tomada pela tensão, eu ouso abrir o livro e escorrego.

A ideia de que eu estava vendo o castelo de Hamlet fez com que eu sentisse um arrepio nas costas. […]apenas o castelo naquele cenário, pensar apenas nas distâncias enormes que existiam naquela época, no pouco espaço que as pessoas ocupavam no mundo, nos grandes vazios que havia entre elas, para então olhar em direção ao castelo, onde o filho do rei, arruinado pelo desespero causado pela morte do pai, muito provavelmente morto pelo tio, talvez estivesse deitado com olhar fixo no teto, atormentado pela enorme ausência de sentido que havia se interposto entre ele e todas as coisas. […] embriagados de luz e tédio” (p17) Karl Ove Knausgard O FIM

A minha fragilidade. Esqueço que a perna dói, esqueço amanhã, e ontem, e vou construir a minha muralha, entrar onde me sinto bem, e seguir tropeçando. Festejo a chuva que refresca o dia. E agradeço a noite. O tempo e os óculos! Estou feliz. Um pouco envergonhada de dizer, mas digo, estou feliz! Elizabeth M. B. Mattos – março de 2022 – Torres

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