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As crianças estão bem. Ainda chovia quando saíram. Estiveram a se envolver com os cães. Acharam o Conde, agora Blake, trocamos o nome, lindo. Ele comeu banana na mão, sem susto, e se aproximou, mas segue extremamente arrisco, medroso. Deve ter sido bastante maltratado. J. e eu não conversamos. A casa fica menor quando há este constrangimento. O dia está feio. Arrumei e lavei louça. Dobrei as roupas. A casa precisando de ordem / arrumação e limpeza. Não veio o sol mas parou a chuva. Tenho vontade mesmo é de estar diante do fogo, quieta, lendo um livro. Quero alguém limpando, cozinhando, fazendo brilhar… Quero ser servida.
Nossa ida até Porto Alegre deveria ter sido festiva, aparentemente, foi completo: ao dentista, ao obstetra, e trouxemos o cachorro. Não decidimos sobre o parto, conversamos com seu pai. Visitamos a Lorena, querida, alegre e entusiasmada com ela mesma. Pessoas tranquilas. Sou eu que ando triste, não sei o porquê. Quero milagres. Preocupada com o dinheiro. Ontem confiante, hoje acabrunhada, sem vontade. O dia ficou mesmo branco e preto. que pena! Deveria estar na concentração para decidir o que vai acontecer com a greve. Nós professores neste impasse! Estou completamente desanimada. Um ano perdido! Deveria arrumar meu armário, encaixotar as coisas para a mudança, ou corrigir as provas / preparar as aulas. Pensar no francês, mas acho que vou interromper as aulas particulares também. Estes horários tardios irritam o J. (acha q não tenho tempo para nós). Eu penso nas saídas dele, nas decisões apressadas! Estou com frio. Acho que deitarei na cama do Pedro para olhar o pessegueiro…Vontade nenhuma de ir pro meu quarto, quero sumir, chorar, apequenar. Tudo está tão cinzento, desalentador hoje. (17:30) Elizabeth M.B. Mattos – maio de 1985 – Santa Cruz do Sul