desprendendo

A energia vai se desprendendo aos poucos! Um alerta! E, de fato, não sabemos, exatamente, o porquê deste descolamento… Apenas nos surpreendemos com o dia, com a importância de estar na boa direção…, e, vou a seguir. Tanto a ser investigado! E tempo nenhum, porque a carcaça reclama. esta coisa de ter um companheiro importa. (Elas estão certas!) As luzes/alertas acendem ao longo do caminho. Talvez seja tarde, mas igual são luzes. Olho para as flores, as pequenas, as maiores. penso na música, no piano, no mar, no bolo com café. decido que não gosto de chá, e tenho vontade de me mudar, limpar, arejar, perfumar. Saudade da minha mãe que pensava pensava e pensava e reinventava. Iluminava a casa com a luz do novo e da beleza. Sempre soube transformar em beleza esta coisa do cotidiano, do vazio… Guardei , colado a memória dela, esta ideia do bem feito, obra de arte, do detalhe. Desfazer e reconstruir. Estou a pensar nela todos os dias… Nossa casa se aquecia com o fogo das lareiras, as cortinas pesadas, as venezianas limpas, a limpeza/a higiene e o detalhe! Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

domingo do dia das Mães! 2022 com Ana Maria fotografando

se fosse possível fazer mágica, nós faríamos,

se fosse possível voltar no tempo,

faríamos: voltaríamos,

se fosse possível…

somos deste jeito, sem jeito,

o impossível.
Assim mesmo, eu penso:

se fosse possível…

Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

espelhos e sonhos

Existe a reclusão produtiva, coerente. Infelizmente, depois que as estações se fecham sucessivamente o sentindo vai se distanciando como um estranho, quase incompreensível. No entanto, visível. Escuto a água escorrendo pelos degraus, e a vassoura escovando, antigamente, era preciso ajoelhar. Agora fazemos tudo do alta, majestades em todos os postos. É preciso entender a soberba. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres. Ou é apenas o desagrado, o desinteresse pelo fazer, pelo cuidado. Podemos substituir os espelhos, e os sonhos.

Toda de branco, calçando chinelos, estes do interior, fechados, encontrados nas vendas. Especial porque de couro. Cabelos escorridos, raiados de branco. E o rosto de índia, da tribo chefe, serena. Não trazia enfeites. Agarrou a criança sem entusiasmo, com certeza.

Da janela assisto o movimento. Um carro branco: jovens. A pequena, sem sorrir, passa de uns braços aos outros braços. O cabelo com cachos, olhos escuros inquietos. Silenciosa criança.

Voltei para o dia de arrumar, recolher os papéis, deixar a ordem entrar com calma. Coloquei os bifes à milanesa no forno, terminei de cozinhar as batatas. Recolhi as roupas. Fechei as janelas.

‘O sonho é um produto da mente, ao qual o produtor assiste sem saber como será o fim’

8 de novembro

A gente não pode conhecer seu próprio estilo e usá-lo. O estilo que se usa é sempre preexistente, mas de um modo instintivo, que plasma um outro atual. O estilo presente só é conhecido quando se torna passado e definitivo, e a gente volta a percorrê-lo, interpretando-o, ou seja, percebendo claramente como é feito.

O que estamos escrevendo é sempre cego. Não podemos saber na hora se está ficando bom (e depois, retornando-o, o julgaremos realizado). Nós simplesmente o vivemos, e é claro que as astúcias, os expedientes que já empregamos, são outro estilo composto de antemão, estranho à substância do atual.

Escrever é gastar os maus estilos, empregando-os. Voltar ao já escrito para corrigir é perigoso: seria justapor diferentes coisas.

Então não há técnica? Há sim, mas o novo futuro que importa está sempre um passo adiante da técnica que conhecíamos, e sua polpa é a que aos poucos nos vai nascendo da pena, não sabemos.

Conhecermos um estilo significa termos desvendado parte de nosso mistério. E que daqui por diante nós nos proibimos de escrever nesse estilo.

10 de novembro

A literatura é uma defesa contra as ofensas da vida. Diz a ela ‘não me fazes de bobo: sei como te comportas, eu te acompanho e te prevejo. até sinto prazer em ver-te agir, e roubo teu segredo. compondo-te em construções astuciosas que te detém o fluxo.’

Afora esse jogo, a outra defesa contra as coisas é o silêncio recolhido para o ímpeto.(p.153-154) Cesare Pavese O Ofício de Viver

Este diário foi publicado após a morte de Pavese em 1952.

Ao lermos não buscamos ideias novas, mas pensamentos já pensados por nós“[…] p. 140

tuas risadas

sinto saudade do teu dia no meu dia quando as horas esperavam tua chamada / não era voz / eras tu

sinto saudade do meu dia no teu dia quando eu esperava acordares, abrires a casa, olhares o campo, e todas as minhas imaginárias margaridas estavam nas tuas mãos.

sinto saudade do dia que surpreendemos a conversa.

sinto saudade da tua promessa de comer pastel, beber café, provar sonho.

sinto saudade / saudade cansada de te esperar! Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres – A.V. C. L.

imagem e escrita

deveria ser complementar / valorizar diferença /a mesma força.

a imagem escreve / descreve. o texto pinta / ilustra / colore / detalha…

não podem competir / cansaço!

lembrei o livro precioso Pequeno Príncipe

e de Antoine de Saint -Exupèry – trágica vida: aventuras e sentimentos

sem dor

Existe / tenho uma dor que não passa, as dores devem ter fim, não importa o que aconteça, o possível, o motivo, toda dor precisa terminar…, Penso, acho, imagino, não tenho certeza, mas o mundo deveria evoluir. E o homem deveria terminar com a dor. Será isso o paraíso? Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022

J.C. ou F. ou G. ou Gian / J.A.K, Paulo, Eduardo, Marco, nomes. E caminhos: não fui para os Estados Unidos, nem para França, para Argentina, Uruguai, e ainda quero conhecer a Holanda. Gosto de Torres!

Eu nem posso acreditar que tenha levado tanto tempo! E, foi tanto, ou tão pouco! A vida tira as medidas, arranca a memória, e depois aperta tudo. Não é assim, que bobagem! Um nome atrás do nome, nenhum. Sem nome o amor. Não é a vida, mas o tempo, o tempo. Largar…, Pode ser difícil, mas agarrar e viver também é difícil. Elizabeth M. B. Mattos – maio de 2022

fantasia real

Das histórias:

O começo, ou a verdade, se esconde nas evidências do final. Mas este ponto parece mais instigante ainda…, e os fios se misturam com os depoimentos / algumas confissões. A história de cada pessoa, o pessoal está no coletivo, mas o coletivo se fantasia, se colore destes pedacinhos, confetes jogados a cada informação. Diários intimistas, confissões, revelações! Todas elas com fantasias específicas. A curiosidade de cada ser humano. E o movimento. Como vamos chegar/tocar na essência?! Há sempre o dia que sublinha o que não aconteceu / vais negar a importância. Eu deveria ir, com minha irmã, até a ilha e seríamos quatro. Ora, por que não fomos? Não lembro. Quem nos esperava? Não sei? E nunca conheci tua casa. Por medo não fiz isso nem aquilo. E as portas fechadas sequer me inquietam, ao contrário. Eu me sentia segura. Sempre pronta para trancar as janelas. Vedar as frestas. Não abrir. Ah! O mar! Perigo e beleza! A essência do belo / o perfeito tocando no imperfeito. O caminho aberto, e o precipício. Escuto tua voz. Ligo e te chamo. Nunca será o momento certo. Não tens tempo…, nem disposição. Tua vida está nos cartões postais do mundo, palmilhas a beleza, e isso basta. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres