dimensão

Estamos em dimensões diferentes / a cada encontro sinto isso…, tão próximos, e, tão completamente separados. Uma história nova: a cor dos olhos, ou o cabelo, o passo: sim o caminhar deveria ser diferente. E as mãos? As mãos são perfeitas, a fala perfeita. E o que posso te dizer?

De dentro de um túnel que não termina…, não parei de caminhar, nem de pensar, estou mesmo a correr. Cansada, eu interrompo a pressa, não o passo. Devagar, eu sigo. Não imaginas a velocidade dos carros: o barulho, a poeira, e, às vezes, o silêncio. Quando voltar, eu vou te contar, em detalhes. Teremos horas horas e horas: um bule de chá, insisto. Eu gosto de café, tu sabes. Evito. Tenho comido menos, mas, ainda não emagreci. Apenas como mesmo. Durmo pouco. O desânimo grudou no meu corpo. Eu me deixo ficar na cama. Deveria voltar a trabalhar. Vou te contar com/em detalhes, não hoje. O ciclone não passou por aqui como deveria. Estamos na expectativa. Assim mesmo, ficamos quietos, parados. Esperar não é fácil. Tem qualquer coisa de florescer… Vou voltar a deitar, ficar quieta. Estou a reaprender sobre imobilidade / esvaziamento, paz e silêncio. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

o direito

às vezes eu me dou o direito de pensar/imaginar, na maioria das vezes, não. É como conversar, bom e ruim, produtivo, ou ao contrário, atrasa a vida, e o fazer. Termino, e não sei por que comecei. Quero aproveitar, e fica assim, vazio e sem motivo. Como cozinhar. Ou limpar. Ou como envelhecer e ter consciência do tempo. Não. O tempo é uma oferta aberta, como o sorriso…, ou o sonho de sonhar todo o dia. Há qualquer coisa no prazer!, depois se transforma em desprazer: uma explosão! Atletas a competir: um dia depois do outro, e, claro! Ganhar! Superar! Competir/superar pode ser exaustivo: mantenho o foco, o querer, mas não olho/não vejo, sigo… A cada um sua escolha! Não quero medir, nem ter mais, ou menos, quero ser Eu. Tão difícil! Ufa! Terminei de te amar / terminei o livro / terminei o filme / terminei de cuidar. A chuva segue. O frio também! Elizabeth M.B. Mattos – maio e 2022 – Torres

na/da vida

Alguma coisa, sentimento / mistério, sei lá! clichê, pois é, mas vou dizer assim mesmo. Alguma coisa que me surpreende no prazer / numa alegria maior / num gozo constante. Pois é, deste desespero do medo, da incerteza / dos amados amores / dos afetos que sufocam ou explicam…esta sensação! Vou chegar / vou continuar. Eu vou te amar mais, e mais… Não vás desistir! Em frente! E todas as minhas noites tem este gosto entusiasmado, a vida. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2022 – Torres

Fotos: Suzana L. Saldanha

Determinação esparramada, espicaçada, digna de brinde: afinal o amor coloca roupas. E os braços são abraços. As pernas elegância, a barriga, risos. O futuro prepara o tempo. A maquiagem / o preparo não foi adequada, nem os cabelos, nem o vestido solto, muito menos os sapatos… Olhos nos olhos. Festa. Amanhã vou poder contar/cantar. A chuva veio nos molhar. Seco os cabelos. Abrir o vinho. Viver o gosto de acaso. O sentido do inesperado: violão e piano, ah! também os violinos entraram… tu sabes me fazer ser/ter/e conseguir! Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2022 – Torres