o pensamento viaja / se desloca rebelde / escapa e corre de um lado para outro, desorientado: é preciso amarrar as ideias e fazê-las aquietar. Sem este ‘puxão’ à realidade fico estico a fala numa explicação interminável, nada diz / não diz nada porque o interlocutor está tão distraído! do outro lado, ou, como eu, fechado, não escuta.
E tudo é absoluto.
Cada um empurra a vida do jeito possível / a sua vida, a do outro, a do outra vem junto, ao acaso, vem junto.
Do jeito possível. Consegui fazer a poda das buganvílias / chegar ao médico, não até a manicure. Conseguir tudo, gostaria. Sinto as costas e os ossos! Talvez se eu pudesse alterar o meu jeito de ser / trocar as lâmpadas, novos estofados, cozinhar com cuidado. Alterar alguma coisa… Esfregar mais vezes o chão, abaixar menos, não passar as roupas, caminhar, caminhar. Não virar a cabeça, dormir mais. Não sei. Pensar menos. Aceitar que não virás me visitar. Ou talvez em vinte dias. O que farei então? Importa? Elizabeth M.B. Mattos – julho de 2022 – Torres
“Os pensamentos de Vanja talvez fossem pequenos e próximos, mas deviam preenchê-la tanto quanto os meus pensamentos me preenchiam. Deviam ser tão importantes para ela quanto os meus pensamentos eram para mim. Se fosse assim o importante a respeito dos pensamentos não seria o tanto que traziam de compreensão, o conteúdo objetivo, mas a interação que tinham com os sentimentos, com os sentidos,, com a consciência. Tudo aquilo que estava ligado ao sentimento de um eu. Então por que pensar durante tanto tempo, e por que medir-se em função dos pensamentos? inteligentes, não inteligentes, brilhantes, não brilhantes?” (p.810 Karl Ove Knausgard Minha Luta 6 – O Fim

