Afinal, não encontramos a resposta – há um vento de inverno – há uma distração e há um /o desejo de voltar ao começo: não se pode apenas seguir -, estarei cega, outra vez sem enxergar… Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2022 – Torres (ler pode ser voar, e lá em cima, não saber voltar – ou voltar, e cair)
G.D.: Se se considera a situação atual, o poder possui forçosamente uma visão total ou global. Quero dizer que todas as formas atuais de repressão, que são múltiplas, se totalizam facilmente do ponto de vista do poder […]
M.F.:E Max e Freud talvez não sejam suficientes para nos ajudar a conhecer esta coisa tão enigmática, ao mesmo tempo visível e invisível, presente e oculta, investida em toda a parte, que se chama poder. […] Existe atualmente um grande desconhecido: quem exerce o poder? Onde o exerce? Atualmente se sabe, mais ou menos, quem explora, para onde vai o lucro, por que mãos ele passa e onde ele se reinveste, mas o poder… Sabe – se muito bem que não são os governantes que o detêm. Mas a noção de ‘classe dirigente’, nem é muito clara nem muito elaborada. ‘Dominar, ‘dirigir’, ‘governar’, ‘grupo de poder’, ‘aparelho de Estado’, etc… é todo um conjunto de noções que exige análise. […] Ninguém é, propriamente falando, seu titular; e, no entanto, ele sempre se exerce em determinada direção, com uns de um lado e outros do outro; não se sabe ao certo quem o detém; mas se sabe quem não o possui.” (p.74-75) in Microfísica do Poder – Conversa entre Michel Faucault e Gilles Deleuze

