adoro minha casa a sensação de vida a pulsar

Adoro minha casa, o lugar / espaço, o meu. O cheiro das coisas, a desordem dos livros, o reencontro divertido quando eu me perco! A viagem que faço. As surpresas da/na procura… Eu me renovo. Distraída com este papel, aquelas fitas, as caixas, as caixas lotadas, e, as caixas vazias. Adoro o que ficou do que era / do que um dia foi. Adoro a minha casa / o meu lugar.

Abençoada memória usada! Esqueci preferências: as melhores, as perfeitas estão aqui. Visíveis. Adaptei – me ao espaço, esqueci os jardins. Os amontoados da desordem, tão parecidos comigo! É o melhor, o essencial deste prazer que transborda! As duas camas, os lençóis, os travesseiros, as cobertas Os velhos, velhíssimos tapetes (eram no nossos quartos na casa da rua Victor Hugo)! As cestas! As pedras. Os copos, também os pratos. Revistas com o nome da mãe. Livros do pai. A caixa da tia Joana. As fotos esparramadas, o baú, os patos de madeira que a Luiza e o Nelson me deram! Os livros, os meus autores preferidos, os escritos, os diários, os amores amados espremidos na memória. O gosto das bergamotas deste inverno, e esta danada primavera que se esparrama pela lagoa… Mas não é o local, nem a cidade, nem o céu, nem a praia que eu gosto tanto! Gosto do meu lugar, da minha casa recanto. Lembro dos cinco anos que morei com minha irmã, e o meu quarto era assim, a minha casa, o meu lugar que se prolongava com a sacada cheia de verdes e flores cultivadas… E eu adormecia feliz com aquele céu que eu podia ver/os aviões chegando e partindo, eu escutava. O burburinho dos bares e das pessoas na madrugada. As risadas. Os carros da avenida. Ah! O jeito dos quadros, colados uns nos outros. A mesa abarrotada de livros! As estantes superlotas! Os espelhos um ao lado outro e atrás da porta, dobrando espaços! Ah! Como era bom aquele morar! Foi a Magda que me ajudou a selecionar e arrumar no novo espaço o que me seria necessário! Foi sensacional! Tive, remotamente, crises, algumas de saudade da casa/apartamento que eu deixava para trás…, outras para ajustar o que restava, largar o que não podia ser. Doeu trocar de mundo, também doeu ser despedida, sumariamente, da galeria de arte (e eu amava!) Doeu muita coisa dentro de mim: desarvorar, e depois organizar. Acolhida… Guardei os maus sentimentos, os doídos sentires e me refestelei no bom e no generoso abraço da minha irmã. Coroamos o afeto com uma convivência nova, intensa! Ah! Eu adoro minha casa / meu lugar. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2022 – Torres

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