o sono

o sono é um bem, uma necessidade, uma gratidão

o bebê, a criança, o menino que dorme é saúde: o momento da entrega está no sono = beleza

respeitar o sono com o silêncio, o cuidado, o aconchego

por que as pessoas ‘sacodem’ o sono, o dormir do outro?

problema de alguns casais é o desencontro do sono, o desrespeito com o sono do outro,

doença de certas cidades, não deixar dormir.

a se pensar na crueldade de ‘arrancar’ o sono de uma pessoa – crueldade.

a cada um seu sono biológico, ou sua insônia doente.

amorosidade das pessoas: abraçar o repouso, a exaustão desarrumada do outro…

é possível entender? Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

a minha Ônix tonteia o seu dormir quando eu não durmo na hora de dormir

beijo dentro do abraço

um pedra, um livro, as batidas estranhas que sacodem a noite: o desejo de dormir e a certeza que o sono se esconde perdido no meu cansaço, e no incômodo do tempo a me agarrar… sono perdido! o filme, o desejo da releitura, o absurdo de reler se nem consigo ler os não lidos..

os olhos, os apertos e o desejo de dormir, dormir uma boa noite para acordar jovem, aberta, esperta…e voltar a ler / a escrever

vontade de dizer/conversar e estar com quem gosta dos livros, das leituras, dos filmes, das cores, de estar. ah! e não estar no meio desta atmosfero belicosa, desconcertante. as pessoas estão áridas, tensas, inquietas e sedentas: portas fechadas, janelas fechadas, coração serrado, mas em casas de cristal, tão exdrúxulo! Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

um beijo não resolve, é preciso / tem que ser um beijo dentro de um abraço / abraço prolongado, apertado, daqueles que o corpo inteiro se movimenta, participa, até os dedos dos pés…

David Herbert Lawrence

nasceu em 1885, o quarto dos cinco filhos de uma família de mineiros de Eastwood, Nottinghamshire. em 1930, Lawrence faleceu em Vence, no sul da França, aos 44 anos de idade. as três versões de O amante de lady Chatterley foram escritas nos quatro anos anteriores à morte do autor.

Nossa época é essencialmentte trágica, por isso nos reusamos a vê-la tragicamente. O cataclismo já aconteceu e nos encontramos em meio às ruínas, começando a construir novos pequenos habitats, a adquirir novas pequenas esperanças. É trabalho difícil: não temos mais pela frente um caminho aberto para o futuro, mas contornamos e passamos por cima dos obstáculos. Precisamos viver, não importa quantos tenham sido os céus que desabaram.

Era esta mais ou menos a posição de Constance Chatterley. A guerra derrubara o teto sobre sua cabeça. E ela percebera que todos precisamos viver, não importa quantos tenham sido os céus que desabaram.” (parágrafos inciais do livro O amante de ledy Chatterley)

garrafas verdes e cor de âmbar e um trago de anis

Uma cesta cheia de pães, queijos e alcachofras: cada dia uma novidade. Vida maravilhosa. Ou, apenas o gosto da saudade? Da descoberta dos bons caminhos.

Pela primeira vez, neste verão, fecho as venezianas… Faço escuro no meio da tarde. A liberdade desta janela sempre aberta: de dia e de noite, no inverno e no verão, quer chova ou relampeje significava, aberta à liberdade? Ao fechar, eu limito o fluxo? O que está a mudar dentro de mim?…Vou rever / pensar. Esqueço ou valorizo? A tensão desaparece aos poucos… verde, âmbar, o azul, um trago de ânis. Ou o cinzento: cores de todos os vinte lápis sobre a mesa… desenhar e colorir.

O lugar é aqui

O tempo é agora

Agora é aqui,

Aqui e agora: girassóis iluminados. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

dezembro se movimenta…

A rotina (ela se impõe exigente / dura) é inimiga da agitação. Não quer eventos, acontecimentos, nem surpresas. A rotina tem andar/caminhar, a passo preciso e cores definidas. Então, este final de ano se desenha, se risca, se agita com o tumulto dos abraços, dos beijos e da gritaria exigente da memória. Ah! estas gavetas derramadas, fotos derramadas, serões, conversas tão compridas, tão longas que a memória tropeça alerta, ao final, estamos todos exaustos… Tão completamente esgotados que o sono se converte em sonhos, sonhos coloridos, cheios de eventos e surpresas. Eu me pergunto se esta Elizabeth que acorda pode ser uma nova, uma desprevenida pessoa, com futuro e devaneios, e colorida. Sinto que as escolhas tropeçam atrapalhadas: qual a cor que o quarto deve ser pintado, e as estantes? Terão vernis ou serão, apenas, estantes, ou as quero coloridas. A grande televisão assume sua majestade! A janela parece maior e o tempo, o tempo engordou cheio de novidades! É a visita e aquela saudade acumulada que se espalha, tão liberta! Encrespa e se impõe desejo! O sono se pergunta inquieto: onde estou? Tempo escuro neste sombrio dia chuvoso, aqui em casa tem fogos, jogos, música e outra Beth chegando… Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2022 – Torres

E os cheiros se acomodam. Amanhã de manhã já estaremos a conversar susurrando…

citação: possíveel/razoável, caminho…

Não deves ler a citação pela citação, mas seguir a trabalhar o possível caminho, quer dizer, continuar a pensar no que não foi transcrito, no que deve estar antes e depois da citação: autor / texto por inteiro. O motivo do recorte, o íntimo, o segredo de quem pode estar atrás destas palavras? O já dito, escrito / já pensado. Então, insisto… Elizabeth M.B. Mattos – novembro de 2022 – Torres (Chove. Chove muito. Escuto a música. A noite tamborila, envolve. Pedro voltou para São Paulo – revolucionou minha alma/espírito, e este agito de vida me encanta! Sacudita eu sinto / sei que o presente foi o rastro e aquela alegria boa do amor.)

A maior parte das pessoas tem a fantasia embptada. O que não as toca diretamente, o que não atinge duramente seus sentidos com sua ponta afiada quase não as excita. Mas se acontece diante de seus olhos, perto da sua emoção, ainda que seja algo insignificante, logo desencadeia nelas uma paixão desmedida. Então, de certa forma substituem a rara simpatia por uma veemência exagerada e inadequada.” (p.11) Stefan Zweig 24 horas na vida de uma mulher