Desapegar parece despedir-se antes do fim, largar antes de ser largado, resolver antes de virar problema. E vamos nos desfazer para simplificar supondo que a vida fica mais leve. Ir e vir se resolve fácil – uma filosofia atual, tão sem alma…
Estou a pensar nisso e me surpreendo, sou tremendamente apegada, apegada às coisas, ao estilo, ao tudo, e a todos: detesto pensar que tenho que deixar ficar / soltar para seguir. Ah! Se eu pudesse teria guardado tudo: os pedaços, o todo. As bonecas, os copos, as flores secas nos livros, a lembrança, eu teria tudo de antes, e o de hoje.
A música não toca igual sem discos de vinil, canecas não substituem xícaras… Uma essência se perde quando temos que escolher. Se a água fosse de fonte, se o amor pudesse ser parar sempre, se o namorado namorasse sempre, e o marido, o amigo, o tempo… Se ninguém, nem coisa nenhuma se identificasse com a passagem, se tudo fosse permanente… E liberdade fosse mesmo o sentido inteiro / sem divisão. Se não existisse ontem, mas sempre hoje:
se estivesses aqui
eu seria
eu seria
eu seria
a chuva e o sol. Elizabeth M.B. Mattos – janeiro de 2023 – Torres, e, não precisaria me reinventar, ou te imaginar, seríamos. Nem escolher isto ou aquilo, aquilo ou isso. Tudo emaranhado! O tempo todo misturado.

A MEMÓRIA está grudada /colada no APEGO
Uma boa reflexão….