vai, vem, volta, segue,
pare / interrompa o sentimento de dívida
o passado se sustenta importante / majestoso, eu sei.
agora! e este hoje? o que eu faço?
se não estás comigo o dia se esvazia.
jeito esquisito
picado viver: coragem, tenho que seguir.
“Todo nariz humano cheira imediatamente o doce aroma da independência, hábito de comando, hábito de escolher sempre o melhor para si, o leve desprezo pelo mundo e constante e consciente responsabilidade pelo poder, que nascem de uma renda certa e volumosa. Percebe-se pela aparência de uma pessoa dessas que ela é nuyrida e diariamente renovada por forças selecionadas do mundo inteiro. O dinheiro circula em sua superfície como seiva numa flor; não há empréstimo de qualidades, conquista de hábitos, nada que seja indireto ou de sehunda mão: mas destrúa-se a conta bancária e o crédito, e o homem rico não só não terá mais dinheiro, mas no dia em que se der conta disso, será uma flor murcha. Com a mesma evidência com que antes se percebia a qualidade de sua riqueza percebe-se, só agora, a indescritícil qualidade do Nada nele, que cheira a uma nuvem chamuscada de sinsegurança, inconfiabilidade, incompetência e pobreza. Portanto, a riqueza é uma qualidade pessoal, simples, que se destrói quando decomposta. Mas o efeito e as funções dessa rara qualidade são extraordinariamente enredados e exigem força psíquica para serem dominados. Só gente que não tem dinheiro imagina a riqueza como um sonho; pessoas que o têm, em todas as oportunidadees em que encontram pessoas pobres, afirmam que ele ele é um grande incômodo. […]
Outra dificuldade não pequena para as pessoas ricas é que todas as pessoas querem dinheiro delas. […] E por que, afinal, somos admirados e amados? Não será um mistério difícil de entender, redondo e delicado como um ovo? Seremos mais sinceramente amados por causa de um bigode do que por um automóvel? O amor que em alguém despertamos por ser um filho do sul, moreno de sol, será mais pessoal do que aquele se desperta por ser filho de um dos maiores empresários?” (p.299-301) Robert Musil O Homem sem Qualidades
Cada parágrafo, cada reflexão, cada sentir se sacode na leitura. O que escuto / leio: o poder, o gosto do poder arde e atrai. Que seja! Como fazer rodar este março fervente? Abraços preguiçosos se concentram em projetos. Vamos conhecer a China e sentir o valor. Como se espantar com a Suiça?! Ah! O poder! Elizabeth M.B. Mattos – março de 2023 – Torres ainda quente. Seria bom dançar, passear e se refestelar em risadas: não consigo achar engraçado. Vou seguir / arrumar este hoje sem projeções. Penso / reafirmo o passado / o vivido. Foi dádiva agarrada na danada da juventude. Envelhecer tem um preço amargo e rasteiro / nossas esquisitices crescem… Bom ler um bom livro: aumenta / agiganta percepções, ou faz pensar um pouco mais.
