Que nem sempre ele ouve quando chamamos. É uma deficiência progressiva causada por vagas distâncias e grandes medos. Medos ensurdecedores que nos levam a situações em que deveríamos apenas nos deixar paralisar. Parar tudo. Deixar apenas o tempo em movimento. Nem respirar deveríamos. Muito menos partir. Foi por ignorância que me tornei histérica, gritei o quanto pude, mas o amor estava surdo, encolhido, atolado em impotências. Não pode me ouvir. Sei que ele estava lá, nunca se afastou. Nunca nos faltou. POderíamos ter confiado, teria bastado nosso amor para nos nos faltar virtude. Tivemos pressa. (p.59) Carla Madeira A natureza da mordida