1.
Choveu ontem de noite, bastante. Refrescou. Dormi cedo, sonhei sonhos enormes. De uma vez minha casa remexida, usada. Janelas, esqueci todas as luzes acesas! Podia ver do jardim, atravessando o alpendre que as coisas estavam remexidas. A porta da geladeira aberta, restos de comida em cima da mesa, cadeiras fora do lugar, e luzes, muitas luzes acesas. Já estava dentro da casa, estupefata, ardida de medo. Angústia e desalento os sentimentos. Outro sonho, era no edifício do apartamento da irmã. Estávamos presas entre dois elevadores … Duas portas, deveria ser de elevadores, mas estavam cimentadas, via-se apenas o recorte, e não podíamos sair daquele lugar. Talvez tenha dormido demais. Não era amistosa aquela manhã.
2.
A leitura pode prolongar amistosamente o tempo, e os dias se esticam como se tivessem pernas grandes, ágeis. A cadeira abraça. Festa animada. Gosto destas anotações, pontes de memória, outras visões, arestas e atalhos. As particulares histórias esquecidas que se avizinham desordenadas! Ah! Se houvesse jeito de escrever, ler, pensar, divagar, aprender, tudo ao mesmo tempo! O livro faz estes recortes internos dentro das pessoas.
O que se escreve tem peso de pedra. Dá um arrepio pensar que não está mais lá no papel como desejamos … Esta conversa de dentro esmiuçada aquece. Quero que seja absolutamente verdadeira, mas não é. Palavras! E não tenho o completo manejo.
Fica – se tempo demais na superfície vazia de conversas casuais. Não se diz nada. Emitir sons, grunhidos. Agora escuto o cortador de grama. Se inicia o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, e o cheiro azedo, catastrófico se espalha. Elizabeth M.B. Mattos – janeiro de 2015 – Porto Alegre