Isabel sem possibilidade de preencher insatisfação, estupefação. O recôndito prazer burguês latente inviabiliza o sucesso. O mergulho na empresa, raso. Saltos altos, bons decotes, e sucessivas cirurgias plásticas qualificam a tarja. Brincos de falsas pérolas iluminam cobiça. Evidências desqualificam. O livro da moda, o chá gourmet, a torta de café, o chapéu de abas, o cobiçoso prazer estampa tristeza miúda. Bons vestidos. Corpo esguio, desfeito no jeito importado deste interior europeu bem brasileiro. Amores sacudidos por desvios. Não se trata de apaixonar, ou enamorar, mas o gancho fétido do açougue que promete carne nobre do animal sacrificado… O sangue pinga na bacia de alumínio, higiênica. Azulejos brancos, chão de mármore. A saliva escorre pelo canto da boca entre beijos.
Ruas estreitas, janelas fechadas. O piano dedilhado, e cerejeiras no parque.
Carrega desprezo, e raiva! Mas o sorriso se apresenta gentil e delicado! Habituada àquele modo de falar não se preocupa sequer em consolar. Coleciona pequenas anedotas que realimentam especulação, julgamento, e consolo.
– Você faz sempre o que dizem seus pais? Não tem um modo pessoal de pensar?
-Talvez o tenha em demasia.
Debaixo daquela janela pode ser o começo, o lugar certo. Debaixo daquela janela pode ser abandonada. Omissão, ruptura, infortúnio. Ser ignorada, reconhecer limitações, debaixo de uma janela.
Lacunas preenchidas pelas folhas do cipreste. Omissões agudas cobertas pelo jasmineiro. E desejos ambiciosos escondidos no arbusto de buganvílias brancas. Deita na grama alta do jardim. Debaixo desta janela Isabel esconde a ganância.
Abandonada debaixo daquela janela, enjeitada…