O tiro se aloja na porta. Não removem a marca. Anguloso começo. Sinal vivo de gesto esquerdo. Ebulição, processo.
Também nela vejo marcas. Arranhões, a violência. Como será morrer de um golpe? Devagar ela sabe. Esvazia alma, corpo. Transparência progressiva…
A naturalidade como entra na sala, pega a xícara de café, e vai contando, modulando a ferida, surpreende. A violência abocanha, acovarda. Defesa contra o indefensável. Não é apenas duro viver, mas duríssimo. Esdrúxulo. Ela fala enrolada nas pérolas, impecável, sentada na ponta da cadeira. O potencial suicida emoldura seus cabelos. A dor iluminada pela voz se espalha pela sala. Perde, aos poucos, a vontade de dizer. Sorri. E se interrompe. Entrega as hortênsias azuis presas por uma fita. E posso, então, ver a menina. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2016 – Torres
Curto e instigante! Gostei muitíssimo.