“Esta manhã eu estava sentada na poltrona soltando os botões da manga do seu terno preto para pregá -los do jeito que agora está mais na moda. Enquanto isso eu me perguntava que impenetrável redoma de vidro desceu sobre nós dois para separar nossa vida das coisas, lugares, pessoas e ideias. É claro, Michel, que há amigos, há visitas, há colegas de trabalho, vizinhos, parentes, mas quando eles estão na sala de estar e conversam conosco, suas palavras são sempre abafadas pelo vidro que nem sequer é transparente. Só pela expressão de seus rostos eu consigo adivinhar parte de seus pensamentos. Às vezes suas figuras se diluem: volumes desprovidos de contornos. Coisas, lugares, pessoas e ideias, eu preciso deles e não posso continuar a viver sem eles. E você, Michel, você tem o suficiente, ou não? como posso saber? Pois se às vezes você está triste.”(p.231) Amós Oz, Meu Michel