Torres neste inverno que se apresenta com toda a força: azul, iluminado, e frio. Demorei. Demorei. Demorei a te escrever. Meu amigo querido. A casa segue fora do lugar. A vida segue intensa. Sigo do mesmo jeito. Encontrar, reencontrar, reanimar, rir, esperar, e mais uma vez mudar tudo de lugar. Mudar. Sim, ainda estou me mudando, refazendo, reordenando. E procurando a hora certa de te dizer estou aqui, e te espero. Atabalhoadamente, adoro esta expressão, tento me descrever, responder, e deixar de te pensar. Penso. Como se este fosse meu permanente modus operandi… História engraçada, confusa, mas intensa. E me proponho escrever logo de manhã, mas… Mas acontece tanta coisa! Cedo vamos para a calçada, Ônix e eu, caminhada primeira, curta. Resolvo comprar um pão fresco para o café, e vou até ao centro da cidade cheia de bom dia e sorriso. Depois do café, durante o café, olho para a lagoa, devagar. Espreguiço. E já vai longe este amanhecer. Vou escrever. Mas abro o livro. Decido lavar a louça. Largo o livro. Remexo na gaveta, e já é hora de outra volta. Desta vez, uma demorada caminhada. E depois, depois… Resolvo terminar a questão armário. Empacota, leva, arruma. Pensa. E já está no meio da tarde. Vou comer umas frutas. Televisão. Entro no mundo real. A vida se repete num “abuso” deste desvendamento político. Espanto. O certo, meu amigo, o correto seria mudar para o definitivo, mas não existe definitivo, não é mesmo? E me demoro nas lembranças. Estou no agito torrense muito igual, muito o mesmo, e sempre intenso. Ondas. Murmúrio, e silêncio. Uma festa de luz. Mas pouca coisa acontece por aqui quando não estás… Salvo, é claro, as mudanças interiores. O dia apenas amanhece, se estica, e já anoitece. E já vou me deitar. Não. Antes conto um pouco mais do livro de Karl Ove Knausgård. Assim lemos juntos.
«A lembrança é pragmática, é insidiosa e astuta, mas não de forma inamistosa ou maligna; pelo contrário, ela faz de tudo para agradar o próprio anfitrião. Alguma coisa a lança em direção ao vazio do esquecimento, alguma coisa a distorce até torná-la irreconhecível, alguma coisa a interpreta mal com modos corteses, sempre alguma coisa, e essa coisa pode ser quase nada, e ela se lembra de maneira clara, nítida e correta. O que é lembrado de maneira correta veja bem, jamais nos é dado escolher.” (A Ilha da Infância, terceiro volume, Minha Luta. Editora Companhia das Letras, p.15)
Gosto quando me apaixono.
Quando me apaixono… Uma música que marcou época !!
Um amigo privilégiado tens.
Amiga, a vida segue seu rumo e vai nos levando na sua compania.
Precisamos de estímulos, de histórias ,de parcerias para navegar as águas ,às vezes tranquilas, às vezes parecem maremotos.
Mas sempre foi assim , desde que o mundo é mundo.
Recebi de um amigo uruguaio:
Sabe porque o parabrisa è maior que o retrovisor, porque temos que olhar mais para frente do que para traz.
Simples assim, o passado já passou , o futuro não sabemos, só nos resta ter um digno e lutado presente.