Tudo pode ser nada

Criatividade tem este lado reprimido que não se solta, não deixa acontecer. Ao contrário, segura, vigia, trava. É medo da exposição, da vitrine, do olhar crítico do outro. É preciso vencer a repressão. O trabalho exige a impecabilidade. O perfeito. No entanto, curiosamente, na imperfeição mora o que nomeamos original. Ceifar o que brota parece fácil porque não deixa acontecer.  Meu amigo, no eventual, no casual, e também no rascunho o espaço. É tão eventual, tão só aquele momento que termina, e se conclui, e já estamos na outra página, na outra gaveta, no outro sonho. Fazer acontecer, e ponto. Percurso, espetáculo. Sem ensaio. E, num movimento rápido, outra vez o raso, vazio. O perfeito está lá dentro, escondido no olhar do outro. Sem exposição não há nada. Se for eu, apenas eu… Bem! Então, já não existe mundo. Tudo perfeito. TUDO pode ser NADA. Elizabeth M.B. Mattos –  junho 2016  – Torres

 

 

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