
Meu amigo querido, amado:
Talvez o/um equívoco seja o final do jogo. Não sei. Não sei exatamente por qual motivo interrompi o processo. Parei de pensar, parei. E a memória começa a falhar. A lembrança está/parece a se esvaziar. O que se faz urgente neste momento? O que é estar vivo? Uma prova. Há uma restrição mental que se presta às circunstâncias por complacência, mas não as reconheço no seu coração. A coragem sangra. É acaso o desinteresse pela indiferença que murmura …
Está ventando bem forte por aqui. A fraqueza acampa dentro de mim. Está instalada. Tudo desproporcional. E o vento, o vento que venta leva tanto vento de encontro as janelas, as frestas e os vidros sacodem imóveis … Um verão sem verão. No tabuleiro as soluções. A rainha e o rei atordoados, os peões gritam. As torres parecem firmes. Os cavalos correm …. Eu parei. Onde tu estás meu amado querido?
Como seria olharmos para o nosso eu, ou o nosso duplo, alguma coisa assim. O inverossímil. Alguém que somos, mas não podemos ver, nem entender. Afinal julgamos o outro, amamos o outro, estamos sempre no contraponto do outro, e nós mesmos, quem somos? És aquele que és sem que eu saiba quem és. E eu sou sem me imaginares possível … Vou investigando, arrancando raízes, adubando, aplacando ansiedade. E penso que tens razão quando dizes que ter um bom dia! Ter um boa noite, ter um esteio, ter um amado, ou ter um amigo importa. Estou fora e esquecida. Prisioneira desta fantasia. Assim hiberno neste verão, mas faço as malas. Vou para mais perto, ou mais longe. Faço as malas. Estás a rir de mim? Pois é assim ser achado e perdido … Estar e não estar. Isto é uma prova imposta. O/um fim providencial. Sem dúvida a renúncia. É quando não se espera mais nada para si mesmo, que se pode amar. Vou ao teu encontro.
Estou esvaziada,cansada de pensar. Vejo luzes que diferem do meu habitual compasso.Paro,corro,volto revolta.Paro e sigo frestas que desafiam os meus negros peões. Cambaleio num tabuleiro onde jogo a vida embalada por xeque mates.Sinto que, pouco a pouco,vou perdendo o jogo. Continuo?Paro?Orgulho não e amor,e teimosia vejo rei nem rainha.As torres só atrapalham.E hora de parar,mas não desisto! Aonde estas,perdido neste tabuleiro?Junto me carregas e não me devolves a vida! Fiquei repartida ao meio,entre vozes que perturbam o meu sossegar e só sinto tua aura a me perseguir. E o xeque mate final. Eu sei,mas não consigo voltar. A certeza me diz que somos dois a perder. Enfim,venceu o orgulho ou o amor?
Estranho! Onde está a ORIGEM? O original? Onde estás? Onde estou?