posso avançar e recuar na mesma velocidade

Antes de mim já alguns homens haviam percorrido a terra: Pitágoras, Platão, uma dúzia de sábios e bom número de aventureiros. Pela primeira vez o viajante era, ao mesmo tempo, o senhor com plena liberdade de ver, reformar e criar. Era a minha oportunidade, […] foi então que me apercebi da vantagem de ser um homem novo e um homem só, muito pouco casado, sem filhos, praticamente sem ancestrais, Ulisses sem outra Ítaca além do interior. (p.129) Memórias de Adriano, – Marguerite Yourcenar, RJ, Nova Fronteira, 1980.

LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Antes de mim as relações eram difíceis, seguirão sendo complicadas. A distância física aumenta a facilidade de ser apenas sombra/ ideia de uma pessoa, um simulacro, …  Não tenho nem toco no outro … viajo, sonho, falo sem voz. A grande solidão se estende, e sigo neste escuro proposital. O medo de despedaçar, a evidente facilidade de ser apenas aquele específico momento/ tempo/ hora /ou tarde impede de avançar, ou arriscar, de ser feliz ou infeliz. A rede silenciosa e poderosa protege. O telefone parece obsoleto, a voz não existe. E nem a distância. Estamos no mesmo barco, no mesmo mar, no mesmo embalo, mas invisíveis, e amorosamente juntos no engano. Elizabeth M.B. Mattos –  Torres, agosto 2017 –

FOLHAS maravilhosas

Pela primeira vez tenho a oportunidade de falar/dizer o que penso sem aquele medo constrangedor do julgamento. Posso avançar e recuar na mesma velocidade. Posso estar no lugar certo, e desaparecer … ninguém vai notar que fiquei encabulada, ou que senti medo, vergonha. Não tenho certeza de nada, chego e volto … posso me esconder, posso rir de mim mesma … estou na simbólica caverna completamente exposta em vitrine.

Sem um lugar certo, apenas o interior. Sozinha dentro de mim mesma. As pessoas entram e saem, aparecem e desaparecem. O telefone pode aproximar, como transformar a solidão numa cômoda ideia de pertencimento, troca afetiva e silenciosa de um nada paramentado, imaginado e colorido. Completa alegria … estranhamento!  O outro tem vida própria, familiar, trabalho, e realidade diferente! Cruzo a linha do agora e do real, estou na plataforma ilusionista de quem tecla do outro lado, … se fosse desenhar, pintar, captar a forma, o corpo, o inteiro, … o que exatamente escolheria? O rosto, o ambiente, o sentimento … a ideia … ou o nada. O reflexo no espelho? Sentes assim … projetas … eu sinto. Uma brincadeira que acontece no quintal de pitangueiras, de amoreiras, de ameixeiras … vejo a cerca, o gramado … estico a cabeça, mas não há ninguém ali … Elizabeth M.B. Mattos –  Torres, agosto de 2017 –FOLHA VERMELHA

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