…, não sei explicar a leitura, a cada parágrafo, … bem, uma revirada. Avanço meia cega, em choque, ou feliz, ou insatisfeita. Termino a página. Guardo o livro, volto. …, o estranho são as pausas, os textos transcritos, sublinhados. Alguma coisa volta, ou surpreende. Nada vai me surpreender, eu digo. Philip Roth trava, ainda não consegui terminar O teatro de Sabbath …, engasgo. Herman Hesse doçura, enfim, sentimentos se alternam … Estou no quarto volume dO Quarteto de Alexandria. Amor paixão envolvimento namoro sonho, desejo se mistura. Na pele lembrança. Guardo, apalpo, salta de uma memória para outra memória, se renova. E tanto e muito, e fica tudo lembrança. E o novo? O que posso fazer com o agora … medo, terror do amor. A leitura perturba. De repente não é mais … O que foi se transforma. Certeza de que ainda é apenas enquanto é /sendo / em tempo …, não se pode deixar de ver/estar/alimentar. Morre, e se transforma termina … vira prisão horror, ou será que não foi? Um frio passa pela espinha. A leitura paralisa. Elizabeth Mattos – janeiro 2018
“A imagem outrora magnífica do meu amor repousava na curva do meu braço, indefesa como um paciente na mesa de operação. Mal respirava, não adiantava nem repetir seu nome; um nome que antigamente evocava uma magia intensa, capaz de congelar o sangue em minhas veias. Tornara -se, enfim, uma mulher. Asquerosa e gasta, deitada, como um pássaro morto na sarjeta, mãos em forma de garra. Um enorme portão de ferro parecia ter se fechado para sempre em meu coração. Mal conseguia esperar que a vagarosa aurora me libertasse. Mal podia esperar para não estar mais ali.” (p.51) Lawrence Durrell – Clea – O Quarteto de Alexandria