” Na realidade, a angústia que cerca o dinheiro é muito maior do que admitimos para nós mesmos. Não estou falando de ‘riqueza’ e da ‘pobreza’, ou seja, dos conceitos teóricos, mas do dinheiro, essa matéria cotidiana indefinidamente perigosa e única, essa coisa mais explosiva que a dinamite, dos dezoito florins e dos trezentos e cinquenta florins que ganhamos ou não ganhamos, que entregamos ou negamos a outro ou a nós mesmos … Sobre isso ão se fala. Sobre isso não se fala. As angústias diárias da vida assim se reúnem em torno dessas quantias lamentáveis, as tramoias, as fraudes, as denúncias, os pequenos gestos heroicos, as renúncias e os sacrifícios diários, sacrifícios que se transbordam em tragédias no âmbito das possibilidades de trezentos e cinquenta florins. A literatura fala sobre a economia como se ela fosse uma armação. Também no sentido mais profundo da palavra … (p.156) Sándor Márai – De verdade
E afinal, sinto um aperto por não ter a liberdade do dinheiro fácil. Das soluções fáceis. Do sorriso que abraça sem constranger, porque tudo é fácil. De repente a incompetência de não ter pesa nos ombros, e acabo triste. E eu não quero ser triste. Elizabeth M.B. Mattos fevereiro 2018
Mais um brilhante texto, somos escravos da vil moeda que nas trinta o condenou…