Depois da mensagem: “caminhante solitário”
Alvoroço agitado dos pardais. O sol entra esparramado pelas vidraças. Cães ruidosos. Preciso fazer, mas estou nas memórias. E voltas. Escuto a voz rouca. Imagino que precisamos ficar mais velhos para então, olhar nos olhos um do outro, e falar, falar. De todos os que foram, os que ficaram… E destas incertezas evidentes. O chá gelado, uma torrada sem geleia, as empadinhas de siri vendidas na praia. Mate gelado na praia de Ipanema, Leblon. Nunca estivemos no Rio de Janeiro. O bom da lembrança é que dançamos, inúmeras vezes dançamos. Embora eu sempre me escondesse no imponderável, nunca nos teus braços. Certeza do não ver / pensar ou explicar. Estarei encabulada retraída, desconectada, escondida quando chegares. Sonolenta. Indefinida forma de ser gente. Como um novelo de lã que não se abre, mas enrosca, aperta e comprime. Não consigo tecer. Impossível olhar zombeteiro de uma lembrança audaciosa e preguiçosa. Vontade de te tocar. Já é tarde. Eu sei… Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2019 – Torres