“As crianças deviam ser educadas em contato com grandes bibliotecas particulares. A convivência diária com espíritos sérios, ambiente sábio, escuro, silencioso, a contínua adaptação à mais meticulosa ordem, no espaço e no tempo – que meio mais indicado para ajudar criaturas sensíveis a atravessar a juventude?” (p.15)Elias Canetti – Auto de Fé Editora Nova Fronteira – 1982
Durante o tempo que estivemos juntas (sempre apertado, ligeiro) imaginei cada palavra que poderia sublinhar / dizer, pensei o discurso. Escolhi as palavras. Imaginei o pretexto a especificar / justificar tal conversa. Separei qualidade e defeitos. Confundi amor com responsabilidade. Felicidade com abnegação. Eu apenas escutei tua voz. Tão logo saíste, elaborei mentalmente a carta que escreveria. Reconsiderei pontuando a dificuldade. Seria invasiva, ‘fora do lugar’ se voltasse a repetir cada palavra… Nossa conversa ligeira, de imediato a voz, sempre me paralisa. Repassei leituras adequadas, procurei autores que me ajudariam a dizer. Assumi o silêncio sem advertência, uma nova posição. Tantos filhos! Todas as palavras! Apenas o não dito importa. Elizabeth M.B. Mattos – julho de 2019 – Torres de dia com sol, quase delícia. Agora frio.