Manuscritos se escondem na alma, a delicadeza do livro, do impresso acontece por cooperação e generosidade externa, um alguém na outra ponta: a vivência, a coleta se aquece na alma amiga. Rouba – se o amor, o desejo, como aquela flor roubada, o amigo, o pensamento, mas ninguém arranca a memória: o apartamento vazio, a varanda, a sala sem absolutamente nada, a imensa e generosa cozinha, completa, e no quarto, a nossa cama, e o desejo despido entregue a navegar, a nossa juventude. Beth Mattos – E.M.B. Mattos – julho de 2019 – Torres
“O que me interessa é o momento em que você decidiu matar – me também na sua cabeça. Por certo, deve ter havido um dia no qual você disse a si mesmo: a guerra acabou, o tempo de proibição à caça se foi. e agora eu posso, como naquele ritual de sacrifícios a que assistimos comer sua alma e publicar seu manuscrito com meu nome.” (p.109)
PS2
” Em minha vida maluca, cheia de aventuras, banal, sempre faltou – me tempo. Tempo para o amor, tempo para a reflexão, tempo para o repouso, tempo para não fazer coisa alguma. Tempo para mim. Temo que seja você o ladrão desse tempo que sempre me faltou.” (p.115) Michael Krüger A ÚLTIMA PÁGINA