Improdutiva insônia. Tão quieta! Tão aborrecida e lenta! Não sei… Deve ter um atalho para chegar ao proveito. Alteratividade – curiosa palavra me assalta -, depois eu volto. Rezas / pedidos não sacodem as folhas destas árvores, não trazem flores. Há que acalmar a inquietude do coração varrendo, aspirando, limpando aqui e ali. E sinto o perfume. Sou toda odores e toque e silêncio. Cansei de não dizer, voltear, espreguiçar tão devagar que não é nada, mas sono continuado em preguiça permanente. Este dormir e dormir se estranha artificial. Houve tempo que a noite era dia igual, e os fazeres alegravam nas lajotas vermelhas. Eu me debruço na sacada. O cheiro da maresia entra e o poder de sentir / alegrar / fazer/ destemer / enfrentar traz prazer poderoso, derruba qualquer maquiavélica insônia. Estou em casa / em casa significava com o pai e a mãe, escuto a conversa cruzada, deles os dois. Acompanho manhãs altivas com caminhada. Leio nos jornais a informação precisa do meu pai. A mãe compensa noites alertas e iluminadas com o sono matinal! Depois a sesta de um, e o dia discursante, criativo de outro. Conversa instigante.
A noite, velas lamparinas, cúpulas iluminadas, e o perfume do café. Luz indireta da intimidade confessional. Eu me delicio com a beleza de detalhes inventivos: decoração a cantar e se fazer com pincéis de aquarelas e o perfume dos óleos em telas esticadas. Ainda estão vivos! Elizabeth M. B. Mattos – julho de 2019 – Torres