Casamento desfeito, acerto de ir ficando e deixando, e se lamenta o bom, amole o coração, depois enraivece. Dinheiro ataca, grita, esperneia. Separações com dor e ressentimento. Negócios perdidos/ errados, amores passados, outros atravessados. Insistente e belo, corajoso, inconsequente. Vais chegando, vais ficando, e vou indo, e nós estamos aqui e agora numa encruzilhada de prazer, porque assim rejuvenescemos. Terapia e palavras e palavras das terapias. Risco. Vou certeza e largo/permito. Acerto. Aceito. Recomeço a fantasia lúdica. Na contramão de ser eu/ sou tu. Um emaranhado, eu sei. Eu te persigo. Tiras minha roupa, visto a coragem. Não corro, não me escondo, enfrento o meu corpo, e o teu. Acerto. Aceito.
No galpão, empilhado, amontoado passado, com frestas. Hoje levarei as tabuas empilhadas para trancar/ vedar. Fechar/pregar/ acabar com o vento da primavera. Preparar nosso verão. Tua voz indefinida e titubeante não ajuda nada. Eu te peço o martelo e pregos, anda! Vamos terminar tudo de uma só vez, numa tarde. Ah! Este danado poder, do lugar certo em hora errada… Somos avessos, tu e eu ao inverno gelado, explicas. Precisas do sol. Encolhemos o apertado desejo: alegrias passadas, vamos, tu e eu, a diminuir a coragem. Vamos nos aquecer com o mesmo casaco verde, e com risos, ao sol.
Se eu fosse certeza doce, ou ainda tivesse aquele campo ao lado do teu, o campo das margaridas exibidas. Pularia a cerca, enfrentaria o rasgado do arame farpado para roubar tuas maçãs E tu, gentil, de certo abririas a porteira para pedir o pão perfumado do forno campeiro. Os cães lamberiam minhas pernas. E tu acariciarias com os olhos. Tudo tivemos. Tudo perdemos. Sedução aberta/forte que segura tua vontade, agarra a minha incerteza.

Completo o bordado com pontos apertados, apressados. Fecho os olhos no teu abraço desajeitado. Fecho os olhos. Entramos. Diminuo o som da música, perfumo os lençóis. Eu te sonho e tu me beijas. Este lado do quarto não conheces. Céus! Não fomos para a academia acertar os pontos da autoestima. Olhos fechados, encolhidos embaixo das cobertas. Não basta? Elizabeth M. B. Mattos – setembro de 2020 – TORRES
Como gosto…
sabes o que eu pensei? em 2012 tu estavas também perto, tão bom!