tu te divertes com teu pequeno diário virtual, eu construo uma obra com meus cadernos, (um sorriso) inédita
detesto este lugar apinhado de fantasmas…e, livros não lidos
estás com medo do remoto presente
desaparecerás no esquecimento do nada: somos um jogo de sombras
como vais conseguir um caramanchão de lilases persas?
escuta as vozes caminhando pela escada, elas acarinham a mãe o irmão o neto e o poder de ter = comunidade adquirida (nova família no edifício)

ao manteres estes escritos esparsos, sem sentido, entregas a alma
ao oriente
esvazias a magia, o sonho, o relógio anda para trás / sentido contrário a te enganar, e se desmancha…
desanimas e murchas quando te dás conta que se esfarela/termina o jogo e não conseguiste tocar na bola
não haverá pirâmide, e nada será enterrado contigo, não haverá depois, e tu segues a me ignorar, e eu te amo, sou real…
em todos os lugares do mundo, os mais remotos, estás presa, acorrentada, carregas pedras, e pensas flores. Não há distante, nem inferno, nem céu…, o que esperas? A migalha que um pássaro esqueceu.
um cavalo selvagem corre de uma colina para outra, resfolegante, feliz, livre e forte, embora saiba que existam apenas aquelas duas colinas… e o danado do tempo / da vida será este ir e vir
sentado na varanda imaginada / encerada tocas o violão, avanças nos acordes, introduzes versos /letras a tua melodia, e ninguém escuta, os festivais terminaram… os anos sessenta e setenta, os teus anos e os meus anos sobem e descem escadas apertadas a imaginar,
impotentes
não adianta o sorriso: sabemos, tu e eu, e temos apenas isso, ou seja nada. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2020 – Torres