O que acontece no mundo importa, e ao mesmo tempo nada, absolutamente, nada altera de fato, alguma coisa interna, nossa; ou enxergamos/vemos ou cegos seguimos Eu/Tu Ele sem alcançar o nós nem o eles. As narrativas se empilham insignificantes. E tanto seria dito em conjunto! As peças estão fora do lugar… Será que antes eu não percebia? Ou será que estamos, permanentemente, cercados/ isolados do real.
“Sí nos encerramos en nosotros mismos, hacemos más profunda y exacerbada la conciencia de odo lo que nos sepra, nos aísla o nos distingue.”(p.17) Octavio Paz El labirinto de la Soledad
Para todos, em algum momento, a existência se revela como qualquer coisa, algo bem particular / único, intransferível e precioso. O incrível desta visão segue sendo a impossibilidade que se tem de ajustar ao real/ revelar esta humanidade, este uno/ único que sou Eu para mim mesma. Deixar um rastro. Ou testemunho. Esta conversa da realidade com o uno/ comigo mesma atravessa o outro, o outro será sempre um precipício, um impedimento para ser EU. Incrível dificuldade! Com toda a lucidez nós não nos revelamos, e tudo o que não sabemos de nós mesmos, por mais evidente que possa ser a percepção, a rejeição / a dificuldade, o Inferno como popularizou Sartre segue sendo O OUTRO. O amor ainda é o único precipício possível para um mediano entendimento: somos/ficamos/ estamos cegos no amor. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2020 – Torres
Octavio Paz ventilando secretas raízes esclarecedoras e filosóficas.
Preciso pular no abismo para entender o perigo e a loucura, mas não posso ser reticente, a coragem de dizer, de questionar, de impor a visão do agora deve devolver a trajetória. Não de volta ao passado, mas o encontro honesto comigo mesma. Devolver a ideia, colar os pedaços e acertar a imagem segundo meus sentimentos, temerária ou não. Terei coragem de traçar / dizer da memória, resfolegar ou inventar porque apenas dois dias, um momento, uma semana pode dizer/cobrir/recontar certezas certas apenas para mim mesma. Cotejar, reavaliar no que de fato aconteceu…, e o medo domina toda a verdade de dentro e traz para o sol um arco íris, possibilidades. Encontro uma carta perdida/achada, ou guardada num livro. E ponto/pronto/feito ali está a costura daquele sentimento inexplicável.