As narrativas são como caleidoscópios. Brinquedo genial de beleza: a cada giro uma faceta/um lado/uma visão curiosa. A mesma história, os mesmos personagens, e as percepções se modificam com um leve giro da mão, um olhar diferente. Fascinante.
Embora a família seja a mesma, os galhos se inclinam frondosos e floridos com belezas únicas/diferentes. Perfeitas. Quando conto a história da minha vida eu me perco no polimento… Quero que a transparência tenha foco generoso. Então, minhas pequenas dores não devem/não são sublinhadas, nem arejadas.
Vou dormir com o cansado inexplicado de um dia em que mais estive sentada, quieta do que toda a semana quando arrumei, agitei a inquietude, e choraminguei. Estes acontecimentos interiores pesam/trabalham como se fossem halteres: alegria escondida, boa. Empurro o susto de escrever palavras erradas, fui mal alfabetizada, péssima aluna, e meus erros tão vermelhos e salientes que me transformaram numa menina tímida. Eu me refestelo na correção automática. Como estou corajosa!
Se lembro da maternidade eu me vejo acanhada, empurrada para a vida sem certezas, nem conhecimento, neófita figura distraída. O casamento, generosidade de G. atendendo a nossos desencantos (os dele e os meus) recria história de possíveis acertos. Colore nossas vidas com possibilidade aberta, protegida de intromissões e exigências. Dois meninos incautos. Sei lá se esta introdução é boa ou ruim, o fato se resume numa solução, casamento. Hoje eu penso que poderia ser tudo diferente, mas quando me arvoro o direito de pensar, sim, o direito de pensar, esbarro nos meus medos arraigados de ser eu assumindo meus limites, reforçando meus sonhos. E a loucura destas questões.
Quais são meus limites?
Que sonhos sonhei?
Se pudesse definir estas questões, poderia caminhar. Poderia avançar um quarteirão. Quem sabe entrar num navio, e fazer a viagem de sonhos. Se sonhos existiram nesta Noruega que amei. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2020 – Torres
“Um caleidoscópio ou calidoscópio é um aparelho óptico formado por um pequeno tubo de cartão ou de metal, com pequenos fragmentos de vidro colorido, que, através do reflexo da luz exterior em pequenos espelhos inclinados, apresentam, a cada movimento, combinações variadas e agradáveis de efeito visual.” Google
