Clarice Lispector

Então isso era a felicidade. De início  se sentiu vazia . Depois seus olhos  ficaram úmidos: era delícia, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinada docemente, aos poucos. E o que é  que eu faço? Que faço  da felicidade? Que faço dessa paz  estranha e aguda, que já  está  começando  a me doer como uma angústia,  como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já  está  começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, muares de pessoas não tem coragem de pelo menos prolongar- se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é  sentir – se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.” (p.76-77) Clarice Lispector-  Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres 

Tem sempre um perigo gente por perto, mais do que muitos precipícios e armadilhas. Ela sabia da vida e das coisas e de escrever. Estamos a homenagear a única, a especial LISPECTOR. Eu a conheci na casa do meu sogro Vianna Moog. Tão mágico, tão único, que depois do Boa Noite eu fiquei muda. Exuberante. Fumante. Incomum. Inquieta. Enfim: a Clarice Lispector que conhecemos pelos seus escritos. Livros e correspondência. E, como não podia deixar de ser, uma beleza exótica. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2020 – Torres

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