O INSONE
Que coisa estranha, possuo um corpo.
A alma é fácil, sou eu; já o corpo é seu.
Tem ímpetos, cansaços, anda, chega,
tem as venturas de comer, livrar-se,
sabe de cor respirar,
pronto ao que eu quiser deliberar.
Com uma velha exceção, não quer dormir.
Há duas horas espicho-o na cama,
o encolho, desencolho,
me volto, revolto, apaziguo,
faço a alma calar,
não penso, não sinto, não reclamo,
e não dorme.
Ao que, ó noite, ele estará reclamando? P.H.F.
Gosto / perfeitos poemas. Aliás, tudo o que escreve: crônicas, teatro, novelas, o crítico. Artista completo.
