parasitas

“Foi Charles quem nos chamou de parasitas: e o modo com que falou foi surpreendente e inesperado. Ele era dessa qualidade de homens quietos, que quase não falam, cuja opinião se desconhece, e que no máximo se manifestam sobre fatos triviais de cada dia; de maneira que a sua explosão vindo – como veio – no fim da tarde daquele longo domingo chuvoso em que não fizéramos nada exceto ler jornais, bocejar e espreguiçar diante da lareira teve a força de um cataclismo.” […] O fogo na lareira estava mito baixo; a mistura de cinza e carvão redundara numa espécie de massa vivaz, mas que quase não irradiava calor; e as achas que haviam sido jogadas ao acaso ali em cima já pelo fim da tarde ardiam sem entusiasmo, como à espera de que foles as vivificassem.” (p.9) Daphne du Maurier Os Parasitas

A pensar que não mudei. Encontrei uma carta de (D, ou PFC): engenheiro limitado, e tímido, e bem orientado pela família. (Uauuu!) Uma moça criada pela Anita e pelo Roberto, certamente, não seria uma moça adequada para casamento. O motivo? Num ato de desamor eu poderia abandoná-lo…, justificativa, na época ele tinha 20 anos, eu apenas 16 anos. (Quem éramos? Filhos de nossos pais, imagino.) Eu, na época, sequer tinha um namorado (erro, vantagem?), pois é…, não sei. Certo, errado, sei lá. Parece que nada funcionava como deveria ser. Repressão? Despreparada? Pouco mulher? Pouco homem? Estava tudo na carta que encontrei e, finalmente, rasguei. Que jeito atrapalhado de contar. Efeitos vivos! Tenho vergonha de ter me reencontrado com ele. Simples assim. Deveria ser apenas transparente…

Vemos que, se a ideia de liberdade pode ser associada à psicanálise, não se trata, como muitas vezes se pensa, da liberdade sexual, mas da liberdade de pensamento.” (p.104) René Major e Chantal Talagrand FREUD

Este homem que se disse, um dia, apaixonado/interessado e amigo, (ou inimigo) e conta/escreve/diz ter sido manipulado, ou era mesmo um idiota/ou… Esta foi a carta reencontrada. E eu, mais idiota ainda, porque se passaram anos, todos os possíveis 30 ou 40 anos aceitei a conversa / o novo interesse. Ele se dizia infeliz, um casamento?! Estas histórias ridículas! As mesmas. Fantasioso, e perfeito. Trabalho. Independência. Amor de desilusão. A história? Tinham se passado 40 anos, eu já morava em Torres. Numa destas idas e vindas, foi em Osório, nós nos reencontramos. Carinhosamente, (uma estúpida, ainda ingênua), o abracei, céus! Efusiva demais para moldes gaúchos, eu o surpreendi com alegria festiva. Claro, exagerada! Em conversa, num encontro programado de homem e mulher ele conta a história das interdições familiares. Quase embalei as lágrimas e o ridículo e o anti-sentimento. Aliás, tudo escondido e proibido… E as flores viajaram no banco do carro. CÉUS! Torres é terra sagrada. Este teatro montado dos gaúchos, estas peças século 19, seguem nos mesmos palcos, e já estamos tão velhos… Então Daphne du Maurier, no seu livro faz sentido. Os Parasitas são mais, muito mais do que se possa imaginar. 2021 o esquema é o mesmo, uma tristeza grande! Histórias documentadas, assinadas, doces e cheias de verdade. A verdade (?!!!!) suspeita?!deve ser acolhida, esta é/seria a ideia. Podemos nos encontrar apenas no baile do próximo carnaval. Se ele me reconhecer, se eu conseguir enxergar. E se ele já tiver a tal autorização para falar comigo…Elizabeth M. B. Mattos – Somos os mesmo / virou o século, mas as cabeças estão perdidas lá atrás… 2021- Torres – A história da pintura / da literatura, das artes explica estas escolas…, a vida.

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