
Tomo emprestado estes versos, estou em todos eles, assim, inclinada sobre cartas a serem rasgadas, sonhos manchados, entendimento picotado. De que adianta acreditar?! A vida semeada de descrença e desavença! Ah! Se eu amasse certo, na hora certa, o homem certo. Estou sempre/ou quase sempre no avesso das histórias como na história do menino-homem-inimigo engenheiro… Tão sem jeito ou caráter, marido, pai e avô, mas nem um pouco generoso ou gentil. É assim a vida como nos poemas de Adélia Prado, como nas margens do que escrevo/não escrevendo. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2021, um dia tão quente! E eu tão triste! Versos colhidos e relidos, lidos. Grande poeta!
Desde um tempo antigo até hoje,
quando um homem segura minha mão, saltam duas lembranças guarnecendo
a secreta alegria do meu sangue: […]
Adélia Prado Gênero
O amor quer abraçar e não pode,
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é. […]
Adélia Prado Corridinho
Estreito
[…]
Céu que adensa,
vento,
Papéis no redemoinho levantados,
esta sede excessiva
e ciscos.
[…] Adélia Prado