Eu te escrevo, mentalmente, todos os dias. Tenho planos: um roteiro detalhado (vais gostar das novas ideias). Dias ensolarados me desviam do trabalho. Faço pequenas caminhadas. Sinto o corpo cansado. Escuto música. Leio menos. Levanto cedo demais. Dias de luz acordam festivos, mas o verão não manda recado, sinto frio. Escrever exige exercício, atenção, esforço e cuidado. Não consigo arrumar, limpar e festejar. Quero flores. Quero aquelas saladas fantásticas que sabes fazer, quero bebericar e conversar…
Não desanimo desanimando, tu sabes. Gosto de pensar que me conheces e imaginas a preguiça, as pequenas manias cheias de braços e pernas, também a caverna, embora o sol anime, aqueça, traga ideias, logo, logo mesmo já me esqueço dele, imagino a chuva o temporal. Ontem consegui desenhar e completar pequenos esboços, as cores pontilharam…, ficou bonito. Lembrei de todas as aulas, mas faltou a tua energia. Pequenas, grandes, enormes dificuldades para aceitar o limite.
Eu me assusto: assombro! Desvio. Não vou me prolongar. Apressado bilhete para dizer do meu amor. Ou da minha ausência. Sentimentos misturados. Logo!? Sem lógica. Este logo parece tão, imediatamente, possível. Espero ansiosa tuas cartas, depois, as chamadas telefônicas, depois me acomodo no silêncio. Ele faz parte do nosso jogo. Um beijo apressado, num bilhete disfarçado de carta, E N O R M E. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2021 – ainda com frio. Torres
