“Para ela é como se tivesse sido ontem, hoje. Quanto mais as pessoas se aproximam da morte, mais se aproximam da vida passada; os fios da memória são cada vez mais curtos, mais enredados, tomam-se presente que não se pode mais destrinçar. E assim os dois ainda hoje brigavam a sua briga de décadas atrás, com espantosa vitalidade apesar da sua fragilidade.”(p.141) Hermann Broch O Encantamento
A fragilidade deste cotidiano arrumado para não ser apenas agora / hoje, mas coisa de tempo espichado e encantado… Tanto se espera da trivialidade embora as pessoas se agitem… E indo/caminhando/correndo de um lado para outro se surpreendem com o mesmo. A espera pode ser o abraço, o silêncio na pressa de ir e ir, passear, chegar para logo depois sair. Alianças se fecham neste ritmo, desejo de para sempre. Doença lenta do tédio. E este querer indefinido. Oxalá eu segure firme o teu poder de me querer e siga te querendo mais, e mais. Saudade antes mesmo de saíres, antes de fechar os olhos, eu sinto saudade. Deve ser do dia, não da noite! Onde estás que não te sinto comigo? Elizabeth M.B. Mattos – novembro de 2021 com gosto de vento nesta despedida.
