Sobre o Ofício do Escritor
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“A vida real de um pensamento dura apenas até ele chegar ao limite das palavras: nesse ponto, ele se lapidifica, morre, portanto, mas continua indestrutível tais como os animais e as plantas fósseis dos tempos pré-históricos. Essa realidade momentânea da sua vida também pode ser comparada ao cristal, no instante da cristalização. Pois, assim que nosso pensamento encontra as palavras, ele já não é interno, nem está no âmago da sua essência. Quando começa a existir para os outros, ele deixa de viver em nós, como o filho que se desliga da mãe ao iniciar a própria existência.” (p.14) A. Schopenhauer
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A pena é para o pensar o que a bengala é para o andar, mas o caminhar mais rápido é aquele sem bengala, e o pensamento mais perfeito vai por si mesmo sem a pena. Só quando começamos a envelhecer é que preferimos nos servir da bengala e da pena!” Arthur Schopenhauer [p.15}
Então, eu corro. Atropelo o pensamento para que faça palavra escrita, depois, devagar, mais tranquila, vou alterando o cimento e a quantidade de tijolos que usei, planto margaridas, e faço/cuido/molho o gramado, sento, deito ao sol. Eu uso todos os truques. E quando escuto a tua história, vou vivendo, vou vivendo, assimilando, incorporando, então, eu te digo o que sinto: dividimos.
E como não quero aceitar, trocarei todas as palavras, e deitarei no sofá enquanto o filósofo explica o que me parece inexplicável. Depois, o que importa as minhas considerações se eu estou presa em todos as palavras do meu grande Arthur! Derramo lágrimas. Aceito os fotos. Avanço. Eu te encorajo porque seguir seguir seguir seguir é surpresa e serão tuas alegrias. Elizabeth M.B. Mattos