Tua carta trouxe a sensação de estar em casa! A sensação que estou precisando acrescentar a essa mudança. Cada vez que entro no velho apartamento para buscar ainda alguma coisa, acertar o que lá ficou /dar destino, as lágrimas chegam…Tu sabes o que é a casa voar? Espaços se abrem como buracos fundos, o vazio toma o lugar /cresce. Silêncio pendurado nos pregos das paredes. Sujeira pelo chão. Aquele cheiro de casa abandonada.
Sim, alegrou-me tua carta.
Os prazos explodem: empacotei o que vai para o Rio de Janeiro, para os dois filhos que moram lá: louças, quadros, livros, os pedaços. Esta parte está pronta.
Computador funciona sem telefone, a linha ainda não veio, vou instalar para conectar. A minha Luiza já mudou para sua primeira casa de Verona – Itália, careço conexão com os filhos. Trouxe a mobília, o que não vendi, mas ficou no apartamento, ainda, parte das roupas, livros pelo chão, cestos, restos. Entranhas da mudança. Antes ia tudo para um mesmo lugar, agora é dividir, apartar (expressão campeira). Amanhã empacotar. Uma dor doída meu amigo. Elizabeth M.B. Mattos julho de 2005 – Porto Alegre