“No Admirável Mundo Novo, distrações ininterruptas da mais fascinante natureza são deliberadamente empregadas como instrumentos de governo, com a finalidade de impedir o povo de prestar demasiada atenção às realidades da situação social e política. O mundo da religião é diferente do mundo do entretenimento, mas os dois apresentam semelhanças num ponto: ‘ no fato de não serem deste mundo.’ Ambos são divertimentos, e, se usufruímos dele de forma excessivamente contínua, ambos podem tornar-se, segundo Marx, “o ópio do povo”, transformando-se assim numa ameaça à liberdade, e apenas os que estão constante e inteligentemente despertos podem alimentar a esperança de se governar a si próprios eficazmente por meios democráticos. Uma sociedade na qual a maioria dos membros esbanja grande parte de seu tempo não na vigília, não aqui e agora e no futuro previsível, mas em outra parte, nos outros mundos irrelevantes do prazer e das obras superficiais, da mitologia e da fantasia metafísica, terá dificuldade em resistir às investidas daqueles que quiserem orientá-la e controlá-la.”(p.56-57) Aldous Huxley Regresso ao Admirável Mundo Novo