tão mimada pela boa saúde que a irritação chega com uma trava na garganta, um soluço, um peso nas pernas, o desejo de encontrar na magreza a vitalidade, vitalidade! suponho que ela se esconde brejeira para me espantar
as horas de sono e as horas de insonia são como uma manta de lã tricotada por mãos insperientes: uns pontos frouxos abertos ladeiam aqueles outros nervosos e apertados, as franjas são irregulares e o colorido das lãs desorganizado, desenha um trabalho curioso, não uma coberta.
que importa? é a minha manta preferida, enrolo os pés que ficam gelados no meio do calorão! quanta incoerência num dia sem pessoas, sem fala, sem sentido. Talvez eu devesse mesmo arrumar um trabalho, um fazer que fizesse método na desordem deste tempo escabelado da velhice. mas eu me contraponho, nego com vigor a tal precaridade da idade: sigo as vontades festivas da velhice da Ônix, assim a minha peludinha decide o horário de passear, de dormir e de acordar. O acordar me parece ser o mais trágico, justo quando aquela boa preguiça me gruda na cama, ela insiste, exagera na urgencia de me fazer sair da cama. Não basta abrir as janelas, alimentá- la, levá- la para caminhar ou sei lá o que mais, não permite que eu volte para cama, voltar para cama, de jeito nenhum… Então, sonolenta faço o meu café, tomo os remédios e me sento para ler o jornal, ligo a telrvisão na Joven Pan e vou olhando para a cama e para os travesseiros a pensar numa estratégia! uauuu…como é muito cedo e fresco, e silencioso, molho as plantas… e vou jogar paciência. Ela, volta a dormir. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2023 – Torres



