Nascer no abraço do amor: amamentar, sorrir, dormir, pensar. Cantar, falar, sorrir, olhar, ver, escutar, sentir, Stella, Luiza, Pedro, Arthur, Francisco, Júlio, Marco, Jean. João Carlos, Maria, Stella. Estrela, mar, onda, cor, brilho, amanhecer. NASCER. Hoje, amanhã, sempre crescer… Beth Mattos – 2013 – Porto Alegre
Mês: fevereiro 2013
Liberdade torcida
Os livros voltam; e porque voltam preciso guardá-los. Nas páginas deste, ou daquele autor as mesmas palavras. Ditas lapidadas reconhecidas, mas as mesmas. Sem vaidade abaixa- se a cabeça. E nos reconhecemos… Então o recorte. O dito é a voz do outro. Um jeito de se esconder, fugir a responsabilidade! Retomada, ou talvez conclusão? Assimilei o que li, ou leio o que já é conhecido? O fermento faz crescer o pão. O espelho reflete a verdade. Estranha memória! Surpresa. Se a memória falha, se não é estudo, mas ritmo, reconhecimento prazer preenchimento água ferro … Se … O cristal ou a prece … sair, chegar compreender telefonar. Que importa? Está lá. Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro 2013 – Porto Alegre
“O que mais me irritava era que, à primeira vista, as pessoas me tomavam por bondoso, afável, generoso, leal, fiel. Talvez eu possuísse essas virtudes, mas se isso fosse verdade, era por indiferença: podia dar-me ao luxo de ser bondoso, afável, generoso, leal e tudo, mais, pois não sentia inveja. (…)
Desde o comecinho, devo ter-me treinado para não querer nada muito a sério. Desde o comecinho fui independente, de uma maneira falsa. Não precisava de ninguém, pois queria ser livre, livre para fazer e dar apenas o que ditassem meus caprichos. Assim que se esperava ou exigia alguma coisa de mim, eu dava para trás. Foi a forma que assumiu minha liberdade.” (p.5-6)
Henry Miller nas primeiras páginas de Trópico de Capricórnio
Um agitador toma a palavra
Um agitador toma a palavra. O artista é tomado por ela.
Um agitador toma a palavra. O artista é tomado por ela.
A matéria a que o compositor dá forma é o som, e o pintor fala por meio das cores. Por isso, nenhum leigo respeitável que fala apenas por meio de palavras se atreve a emitir um juízo sobre música ou pintura. O escritor dá forma a um material acessível a qualquer um: a palavra. Por isso, qualquer leitor se atreve a emitir um juízo sobre a literatura. Os analfabetos do som e da cor são modestos. Mas as pessoas que sabem ler não são consideradas analfabetas.
Será a literatura nada mais que a habilidade de apresentar ao público uma opinião com palavras? Então a pintura seria a arte de expressar uma opinião em cores. No entanto os jornalistas da pintura são os pintores de paredes. E eu acredito que o escritor é aquele que diz ao público uma obra de arte. (…)
Devemos ler todos os escritores duas vezes, os bons e os ruins. Uns serão reconhecidos, e os outros desmascarados.
KARL KRAUS – AFORISMOS – Ed Arquipélago – Seleção, tradução, glossário e apresentação Renato Zwick – Porto Alegre 2010.
Viajantes Inimagináveis
O destacado é pessoal. Oliver Sacks traduz/explica doente e doença. No prefácio ele cita Nietzsche: ”Quanto à doença: não somos quase tentados a perguntar se conseguiríamos passar sem ela?” Devemos fugir destas patologias? As histórias pessoais são o foco, e mostram a confusão. É preciso expor, explicar, repetir, este é o desafio…
“Naturalmente, o cérebro é uma máquina e um computador – tudo o que afirma a neurologia clássica é correto. Mas nossos processos mentais, que constituem nosso ser e vida, não são apenas abstratos e mecânicos, mas também pessoais, e nisto envolvem não só classificar e categorizar, mas também continuamente julgar e sentir. Se estes dois últimos estão ausentes, nos tornamos semelhantes aos computadores, (…), analogamente, se apagamos o sentimento e o discernimento, o pessoal, das ciências cognitivas, nós as reduzimos a algo defectivo (…) – reduzimos igualmente nossa apreensão do concreto e real. (p.34)
O homem que confundiu sua mulher com um chapéu.
Editora Companhia das Letras. 1997 – OLIVIER SACKS
A biblioteca
A biblioteca transpira, inspira, embeleza o individuo, e surpreende. “De depósito de livro, passam a oferecer quase tudo. Alguns espaços são silenciosos, para ler. Em outros, conversamos ou nos reunimos”. E, nos renovamos. “Seu ambiente terá o visgo intelectual da Ágora grega, das livrarias da Rua do Ouvidor nos tempos de Machado de Assis, dos cafés da Rive Gauche, das Starbucks e dos restaurantes chineses do Vale do Silício. Haverá abundância de jornais, e revistas e livros de interesse geral.”
Muita historia escrita! A biblioteca!
A fantasia de tantos textos! E a casa de memórias…
Vitor Hugo 229 – Petrópolis – Porto Alegre. “Há uma coisa, um pé fantasma, que às vezes dói como o diabo, e os dedos se dobram para cima ou têm espasmos. […] Então sinto a perna, vividamente, mas é um fantasma bom, diferente.” Olivier Sacks. A biblioteca, minha dor fantasma, é outra: olhar os nós de pinho na lareira, imaginar o fogo, ver as pessoas. A menina encolhida na cadeira, as bonecas. A porta aberta pro jardim, o pai a descascar laranjas… O alpendre com as lajotas oitavadas, vermelhas. Ou ainda a mãe, pernas recolhidas em cima do sofá, lendo sob a luz de um abajur alto. Alabastro, mármore, prata. E as estantes de louro conversam nesta memória fotografada. Elizabeth M.B. Mattos
A biblioteca vestida de gala.
“A nova biblioteca, salas e auditórios promovem conferências, concertos e exposições. Por que não jardins lindos, para criativos peripatéticos? Ou espaços para meditar? No fundo, a biblioteca deve tornar-se um lugar de leitura, troca de ideias e interação criativa entre os frequentadores. Enfim, uma usina intelectual, contribuindo para o avanço do país. Naturalmente, quando bate a fome, lá comemos. Afinal, um lugar onde se lê e se tomam livros emprestados, porque não os vende também? Assunto e clientela são os mesmos das livrarias.” Cláudio de Moura Castro, 26 de agosto de 2015, – revista VEJA – Bibliotecas: metamorfose ou morte?
Desenho do Jorge Roberto Ortiz Domingues: duas famílias se fundiram.
VITOR HUGO 229 Petrópolis Porto Alegre
Maria Araci Correia Meyer, Luis Augusto, Beth Mattos e Paulo Correia Meyer
Nossa confraternização. Os amigos!
Ainda no tempo de rever e lembrar!
Beth Mattos, Paulo Rocha e Suzana Mattos

Paulo Correia Meyer, eu, Ana Helena Macedo, Magda Franciosi, Maria Araci José Marques e Cavalcante (uaiiii!) Memória, os nomes?! E era na minha casa o jantar…, depois ou antes do baile das debutantes?!
AMENIDADES do percurso
TORRES era o SONHO DE VERÃO! AS férias traziam os encontros na SAPT, o cinema, dançar, ser feliz era ordem do dia!
Torres, 25 de janeiro 1962.
POTINS
“Os nomes mais top da jovem guarda gaúcha tomaram parte ativa na competição. O segundo lugar coube à equipe de Lalo Kroeff Corbeta com Guga Stumpf, Beth Mattos e Anette Ferreira. E o terceiro lugar à equipe de Roberto Saboia, com Kitty Kroeff, Oswaldo Kroeff e Vinicius Shimitd.
Quatro biquínis foram aplaudidíssimos: Kitty Kroeff, Bety Reverbel, Bília Fortini e Magda Franciosi.”
O diabo – Iberê – e nós…
A mesma coisa não é AVATAR
A palavra armadilha, o escrito permanente, mas há fugas… O guerreiro escondido neste pequeno fazer. Colecionador. Acelera o tempo, e passa tão lento! Ainda é Carnaval! Getúlio Vargas se matou com um tiro, escreve uma carta. Jânio Quadros renunciou, Papa Bento XVI se aposentou por ter saúde precária – envelheceu… Tudo é assim inédito e antigo. Ernest Hemingway se suicidou. Flavio Tavares sobreviveu. Érico Veríssimo morreu. Iberê Camargo está vivo. A pintura sobrevive.
Elias Canetti escreve no livro O Jogo dos Olhos (p.36)
“A almejada entrega, o abrir-se a outrem, torna-se perigoso, pois como se fará para reencontrar a si mesmo, como suportar, depois, a própria solidão?”
O sagrado de Iberê Camargo
Porto, Alegre, 27 – 8 – 87. Beth, querida amiga. No momento, infelizmente, não temos condições de aceitar o teu amável convite. Maria acaba de ser operada de catarata. Ela deve permanecer por algumtempo no mais absoluto repouso. Estou otimista, acho que desta vez a cirurgia vai dar certo, o que não aconteceu quando operou a outra vista. O livro que pretendo fazer – 10 contos ilustrados com serigrafias – quero que seja umo bjeto bonito, como todos os livros deveriam ser. Este livro que vai ser patrocinado por uma agência de publicidade lá de Vitória terá uma edição limitada, talvez até numerada, não sei. Tu, evidentemente, vais ter um exemplar. Beth: sinto o teu isolamento, a tua solidão, e a falta que faz a tua mãe. Quem sobrevive aos seus carrega sombras e saudade. Coragem Beth é a lei da vida. Nós também estamos construindo uma casa em Nonoai (Teresópolis). Trata-se de uma casa espaçosa, com dois atelieres anexos, um de pintura, outro de gravura. Essa chuva que não para, tem atrasado a obra, cujo acabamento está previsto para o fim do ano. É um tanto louco fazer uma casa nesta altura da vida. Sim, é louco, mas é uma afirmação de vida. Concordas? Beth, abraços e muito carinho. O Iberê
Um cartão frente e verso, um exercício. O inédito que respira livre…












